No pouco tempo que passo com a terra, procuro sempre dedicar um par de horas ao que chamo "purificação". Remeto-me a um espaço isolado, normalmente nas margens do Cávado, e perco-me de tudo. Percorro, com o rio sereno, o vale suave, num olhar distante até à curva que me esconde entre as árvores de Outono e tristes, que me empurram contra as paredes do corpo. Subo depois, no pipilar de um qualquer pássaro, ao alto e caio em vertigem em mim. Sereno com o rio sereno e regresso, refeito e grande como a serra. A terra sente-se nos pés, que a levam à alma. Dela quero o cheiro e o pó, onde hei-de tornar, que dela nasci. Sonhai castelos! Erguei-vos neles! Eu fico. Com a terra. Em mim.
MONTALEGRE E TERRAS DE BARROSO