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Música da uma tal rádio de Montalegre

Publicidade do Euromilhões onde é referido o nome de Montalegre continua a dar que falar...
Em artigo publicado no Correio da Manhã, o jornalista António Ribeiro Ferreira, utiliza uma alegoria para descrever o actual estado da política portuguesa, comparando os agentes da política nacional a "bimbos" que adoram dançar ao som de uma tal rádio de Montalegre, que por acaso nem era uma rádio, mas sim, a Cabral TV (vide vídeo).

Preciosismos à parte, o importante mesmo é, reter a ideia subjacente a este texto que se segue, onde é retratado o actual estado da nação. Os agentes políticos em vez de se preocuparem com os graves problemas que afligem a grande maioria dos cidadãos portugueses (desemprego, insegurança, dívida pública, défice das contas do Estado ou endividamento externo) andam a discutir minudências, tais como o casamento entre homosexuais.
A eterna habilidade política em desviar as atenções dos assuntos incómodos.
Vítor Afonso




Texto de António Ribeiro Ferreira, jornalista:
"Folclore nacional
A vidinha nacional está dominada por bimbos e bimbas que adoram dançar ao som da música da tal rádio de Montalegre.


A tal rádio de Montalegre que foi comprada pelo senhor Nuno Cabral e que só transmite folclore transmontano abriu uma excepção e mudou-se de armas e bagagens para a Assembleia da República. O espectáculo não podia ser mais apropriado. Meninos e meninas sentados na galeria, com computadores no colo, muito excitados, assistiam e comentavam em directo nas redes sociais o debate emocionante sobre os casamentos homossexuais. Na rua, uns tantos palhaços vestidos a rigor serviam fatias de bolo de noiva e espumante rasca. A Comunicação Social, também um pouco excitada com tanto espectáculo, não perdia pitada do grande acontecimento, com entrevistas e directos segundo a segundo.

A felicidade pairava no ar. Claro que a tal rádio de Montalegre, que só transmitia folclore transmontano, estava deliciada com a oportunidade de levar aos indígenas tamanha emoção. Para que o espectáculo fosse mesmo genuíno só faltaram uns ranchos folclóricos a dançar a chula do Minho, o fandango ribatejano, o corridinho algarvio e uns cantares alentejanos para descansar os corpos de tanta agitação. E, já agora, para mostrar que os indígenas estavam mesmo felizes, bem podiam ter ido buscar umas dezenas de voluntários do partido do senhor presidente relativo do Conselho que alegraram, a troco de uns passeios e de uns almoços, as arruadas que Sua Excelência andou a fazer por vilas e cidades na última campanha eleitoral. Assim vai este sítio pobre, cada vez mais pobre, deprimido, cada vez mais deprimido, manhoso, hipócrita, corrupto e cada vez mais mal frequentado. Mas a tal rádio de Montalegre, acabada a festa dos casamentos homossexuais, já tem outra missão patriótica em mãos.

Trata-se do pacto de salvação nacional que os bimbos do costume já anunciam entre PS e PSD para o Orçamento do Estado de 2010. Espera-se animados debates exclusivamente dedicados aos acérrimos defensores desse extraordinário pacto redentor da Pátria e de todos os seus pecados. A rádio de Montalegre, que só transmitia folclore transmontano, vai encarregar-se de mandar para o fogo do Inferno quem estiver contra a salvação nacional e promete não falar em trivialidades como desemprego, dívida pública, défice das contas do Estado ou endividamento externo. É assim. A vidinha nacional está dominada por uns bimbos e bimbas que adoram dançar e cantar ao som da música da tal rádio de Montalegre."
in Correio da Manhã

Comentários

  1. Visitem o site www.rotasdobarroso.com e vejam as fotoreportagens e alguns textos acerca da invasão de torres eólicas em Barroso.

    RdB

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