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Apresentação da Feira do Fumeiro...

... e o discurso do coitadinho do agricultor!
Não vos mostro novidade nenhuma... Porém, surpreenderam-me algumas das expressões usadas pelo senhor vereador no seu discurso de apresentação da feira...

“Montalegre veste o seu melhor fato, engalana as suas ruas para receber
condignamente os milhares de visitantes que por aqueles dias a entopem.”

Ai veste, veste... E qual é o seu melho fato?


“É o tributo ou homenagem das gentes da urbe para com aqueles que teimam em resistir e dar continuidade à vida simples e bela, mas dura, do campo, gente que graças à Feira do Fumeiro e à obrigatoriedade de criar o porco nos moldes tradicionais, se vê assim obrigada a interagir com o meio, cultivando e amanhando os campos donde virá o sustento da casa e dos animais inscritos para o certame. Trabalho árduo compensado com a festa da matança e com o proveito e conforto que a receita gerada na feira lhes deixa.
Compensado sobretudo pela enorme vaidade de todos haverem contribuído para a afirmação da sua terra, da barrosanidade, no contexto regional e quiçá nacional.”

“E o cesto que serviu para carregar o trabalho de um ano, traz agora escondido o proveito da receita gerada que vai servir para pagar dividas, dar um arranjo na casa, compar um miminho especial prós filhos que andam nos estudos e prepara a campanha da produção para a próxima feira.”


A visão romântica da vida do campo...
Seria um belo discurso, não fosse a realidade bem diferente.

A Feira do Fumeiro é o evento mais mediático e mais marcante da vida económica de Montalegre e tem uma importância considerável na vida dos produtores e na imagem do concelho. Não havia, porém, necessidade de fazer dela a salvação da triste e lúgubre vida, é isso que se dá a entender, dos participantes... Porque não é a verdade e porque não corresponde às circunstâncias dos produtores nem da própria feira.

O Romantismo perdeu-se há muito... Haverá, no entanto, quem o cultive porque convém cultivá-lo. Aritificialismos e erróneas visões em nada contribuem para a realidade das vivências. No entanto, cultivem-se. Não faltará quem coma.

Não se entenda com isto que a minha posição é negativa relativamente à Feira do Fumeiro. Bem pelo contrário. Considero-a de enorme importância para a imagem do concelho. Não acalento, todavia, perspectivas românticas.

Gosto de fumeiro bem temperado!

Comentários

  1. Anónimo19.1.07

    Não sendo galináceo não tenho penas, mas lá que lamento muito que os meus amigos barrosões estejam a ser governados por tamanhos exemplos de brutidade, ai isso lamento!
    Nós, os que vamos da urbe - como é dito - é que nos devemos sentir agradecidos e vestir o nosso melhor fato. Não é quem nos recebe!!!

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