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Feiras & Fumeiros

A Feira do Fumeiro e Presunto de Barroso (Montalegre), vista pelo objectiva de JBCésar.

Produtores de fumeiro de Montalegre têm levado, Feira Gastronómica do Porco, ao colo.

Dos 40 produtores inscritos na Feira Gastronómica do Porco (Boticas), 25 são do concelho de Montalegre (de entre os quais se destaca o Presidente da Associação dos Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã) e somente 15 do concelho anfitrião.
Numa visão mercantilista e individualista, é aceitável que os produtores montalegrenses queiram vender a maior quantidade de produto possível, aumentando assim o seu lucro, mas também não é menos verdade que, agindo dessa forma, aniquilam uma maior projecção da Feira de Montalegre, porque estão a dar um empurrão à concorrência e a contribuir para o seu desenvolvimento. Os interesses comuns deveriam sobrepor-se aos interesses individuais, mas, mais uma vez, isso não tem acontecido.
Para todos os efeitos, é importante referir-se que a Feira Gastronómica do Porco (Boticas) é pretendente a concorrente da Feira do Fumeiro e Presunto de Barroso (Montalegre), embora esteja uns furos abaixo. Não tenho dúvidas que, falando em linguagem desportiva, jogaria noutra divisão.
Não se pode comparar o que não tem comparação e os números comprovam isso mesmo: quer nos produtores inscritos, nos animais identificados, no valor da facturação, no número de visitantes, etc.
Será que os produtores montalegrenses que se deslocam a Boticas colocam nas respectivas barracas as proveniências do seu fumeiro, do tipo: Cortiço - Montalegre? Porque a colocarem apenas o nome da aldeia, a maioria dos visitantes desconhece que, pertencem ao concelho de Montalegre. Se não o fazem, deveriam fazê-lo! Mas será que a organização, ou seja, a Câmara de Boticas, autoriza? Isso não seria uma afronta à sua (in)capacidade de não conseguirem mais que 15 produtores autóctones? Quem inspecciona os animais que servem de matéria-prima ao fumeiro que vai para lá?
Os de cá sei quem são, e pelo conhecimento que tenho, o controle é efectivo. Quanto aos de lá, desconheço, logo, não me pronuncio.
Em visitas de rotina a algumas explorações suínas, as entidades competentes de Montalegre detectaram explorações, nas quais, os produtores inscritos não possuíam sequer um único porco. Estes produtores enganaram-se. Enganaram-se a eles e acabaram por ser os maiores prejudicados, porque não participarão na próxima feira. Seria bom que os fraudulentos interiorizassem, de uma vez, que estas atitudes impróprias podem por em causa a imagem de qualidade, que a Feira do Fumeiro e do Presunto de Barroso ostenta. Vem-me à memória, aquele velho ditado: "quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem", sendo assim, posso igualmente afirmar que, quem fumeiro vende e porcos não tem, de algum lado lhe vem.
Quando é que este povo vai perceber que não pode andar a brincar aos "fumeirinhos", que isto é um assunto sério, que felizmente envolve verbas consideráveis, tão necessárias ao fortalecimento dos seus rendimentos.
Caso não existisse uma fiscalização eficiente, quem perderia seria a Feira, no seu todo. E para bem de todos (organização, produtores e outros comerciantes), melhor será que, isso, não aconteça.
A Câmara, como entidade co-organizadora, grande motor e promotor do evento, tem apelado, constantemente, e bem, à modernização das cozinhas, chegando mesmo a facultar os projectos a custo zero e ainda a instrução e o apoio logístico das candidaturas aos fundos comunitários. É este o caminho que tem que ser trilhado, mas a resistência e inércia, por parte de alguns produtores, continua a ser preocupante.
A criação de estruturas regulamentadas, de acordo com as exigências em vigor na UE, é um ponto estruturante, que não pode ser descurado.
Nos tempos que correm, a legislação e as entidades fiscalizadoras não se compadecem com a falta de condições de higiene e de conservação de alimentos, neste caso, das carnes.

Datas
Este ano, às tradicionais disputas, juntou-se mais uma: as datas.
Devido a condições atmosféricas adversas e questões relacionadas com o Pavilhão Multiusos, a Câmara de Montalegre apontou inicialmente a data de 19 a 22 de Janeiro. Todavia, após o conhecimento da marcação das eleições presidenciais para 22 de Janeiro, a edilidade resolveu adiar, mais uma vez, a sua Feira, uma semana. Ora, a Câmara de Boticas veio logo a terreiro informar que, essa seria a sua data e, como resposta, fixou a sua data, em 12, 13, 14 e 15 de Janeiro, ou seja, quinze dias antes.
Relembrando as datas das últimas cinco edições da Feira Gastronómica do Porco, poderemos constatar que, apenas a última edição (VII) aconteceu, efectivamente, de 26 a 28 de Janeiro de 2005, uma excepção (diga-se) que confirma a regra, pois, as quatro anteriores ocorreram, todas, em Fevereiro, a saber: de 20 a 22 a VI; de 21 a 23 a V; de 22 a 24 a IV e de 16 a 18 a III.
Quem ganhará com estas alterações?
Do meu ponto de vista, julgo que, Montalegre continuará a manter uma elevada cota de fiéis, mas, por outro lado, Boticas aumentará, consideravelmente, o nível de visitantes, pois, será a primeira Feira a ser realizada em 2006 e, o desejo de provar as iguarias, levará certamente muitos curiosos ao concelho vizinho.
E o(a) leitor(a) o que pensa?

Comentários

  1. O fomento da qualidade deve efectivamente ser o fulcro de desenvolvimento da Feira do Fumeiro de Montalegre e, ao que parece, tem-se verificado. No que diz respeito à organização estarás ,Vítor, com toda a certeza, mais bem informado do que eu...
    Relativamente às datas, não tenho dúvidas... A Câmara de Boticas agiu como agiria a de Montalegre, se as circunstâncias o exigissem. O que levou ao adiamento do evento em Montalegre, publicamente conhecido ou não, mais ou menos condicionado política ou logisticamente, accionou nos organizadores de Boticas um aproveitamento que, a meu ver, é compreensível.
    Contudo, não considero que a realização posterior da Feira em Montalegre seja de sobremaneira prejudicial. Como dizes, a dimensão é incomparável.

    Espero que o sucesso da Feira seja ainda maior, até porque a condições físicas presentemente o exigem.

    Saudações.

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