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As razões de um ex-Presidente

Carvalho de Moura, o último Presidente da Câmara Municipal de Montalegre, pelo PSD, aponta, no seu blog omontalegrense.blogspot.com, 10 razões pelas quais não apoia o actual candidato pelo mesmo partido, Adelino Bernardo.

"Eu não apoio Adelino Bernardo

1) Porque ele não é barrosão.
Nos tempos de hoje, tão diferentes dos de antigamente, na nossa terra com tanta gente formada não haverá um homem ou uma mulher de Barroso com perfil para se candidatar à Câmara? Que necessidade tem o concelho de se fazer representar por uma pessoa que não é de cá, que não é barrosão, que não conhece o concelho, que "ninguém sabe onde pendura o pote"? Aliás que se ele fosse bom, candidatava-se na sua terra, ou não será assim?
2) Porque o seu tempo de ganhar as eleições foi em 2001.
Se então se ganhou em Chaves, em Vila Pouca, em Ribeira de Pena e em todo o lado e o PSD só perdeu em Montalegre, porque se perdeu em Montalegre? Porque o candidato era frouxo e não mostrou nem competência nem força nem dinamismo para ganhar? Desde então até agora, o que é que mudou, que novos argumentos vai apresentar o Adelino? Não tem nada de novo para apresentar aos eleitores.
3) Porque como profissional, colocado na Zona Agrária, como zootécnico não fez nada nem nos serviços nem na Quinta da Veiga. Nesta, excepção feita ao relançamento do barrosão, se alguma coisa se viu em cerca de vinte anos foi obras mal planeadas e malfeitas que ainda por cima deram origem a um inquérito. E sobre o caso das construções na Quinta da Veiga, em má hora arquivado pelos tribunais, pairam ainda no ar muitas dúvidas e incertezas. Seria bem melhor para o Eng.º Adelino que o processo fosse concluído para apuramento da verdade.
4) Porque como político é um perdedor.
Logo que chegou a Montalegre a sua ambição desmedida fez-se logo sentir. Ainda ninguém o conhecia e já exigia o 2.º lugar na lista dos candidatos à Câmara para as eleições de 1989. A sua posição até criou atritos com outros sociais democratas com algum currículo político. Este mau ambiente esteve latente na Campanha eleitoral e teve como resultado a derrota do PSD. Entre muitas outras causas, esta foi uma das que contribuiu para a derrota.
5) Porque ainda como político não sabe gerir as situações e tenta fugir às responsabilidades próprias. Vejamos dois casos:
a) Em 2001, no tempo em que se começou a elaborar as listas para as eleições que haveriam de ter lugar em Dezembro desse mesmo ano, certo dia abordou o subscritor destas linhas sobre o assunto das eleições e disse-lhe que queria falar. Numa breve conversa disse que qualquer dia ia convidar para um almoço. Correm os dias e as semanas e ainda hoje se está à espera do tal convite. Fazem-se listas para os órgãos e nem sequer um simples telefonema. Isto é de homens?
b) Quando se deu a "golpada" para me afastarem do Povo de Barroso, operação congeminada pelo Constantino Roque mas aceite e decidida pelos políticos do PSD local, o Adelino, como Presidente da concelhia, tinha a obrigação de explicar aos barrosões porque é que tudo aquilo aconteceu, mas não o fez. Fez de conta que nada teve a ver com o caso. Isto é de homens?
6) Porque é um subserviente de estranhos ao concelho.Ele devia saber que um concelho vizinho nunca pode servir de exemplo para Montalegre por muito meritórias que sejam as actividades nele desenvolvidas. Montalegre é um concelho grande, rico e com potencial para se afirmar no contexto regional e nacional. Nunca precisou de encostos nem de muletas. Se o Adelino ganhar as eleições, Montalegre vai andar a reboque dum qualquer concelho para vergonha dos barrosões.
7) Porque o Adelino não gosta de Montalegre.
Os lavradores do concelho de Montalegre deverão saber que foi o Eng.º Adelino o principal responsável pelo selo de certificação da vitela barrosã ter ido para Boticas. Se nos casos do cabrito e do mel se pode aceitar tal decisão, quanto à vitela barrosã é impensável.O selo de certificação da carne barrosã devia ficar na área da sua produção. Este, de resto, foi o argumento que mais peso teve na decisão dos governantes por Montalegre aquando da construção do Matadouro Regional do Barroso e Alto Tâmega na luta com os concelhos de Chaves e Boticas. Nos aspectos mais ligados à sua actividade profissional as coisas andam assim: o livro genealógico que prometeu para Salto continua em Barcelinhos, a Associação Nacional de Criadores de Raça Barrosã a perder terreno e ainda por cima o selo de certificação da carne de vitela entregue a Boticas. Quem assim procede gosta de Montalegre? Nem um bocadinho.
8) Porque é mentiroso.
Voltando ao passado recente em que eu fui afastado do "Povo de Barroso", quando ele era questionado por alguns amigos comuns que com estranheza acompanharam o caso, em jeito de desculpas, respondia-lhes que eu, se não fosse a mandar, não alinhava. Não é verdade. Em Vilar de Perdizes eu disse, num dos raros plenários feitos pela CP, que ?não queria nada?. Depois disso, nunca ninguém falou comigo para se acertar uma estratégia que levasse o PSD até às vitórias. Apenas, o que eles quiseram foi apagar a minha sombra, mas, creio que falharam, ela se calhar ainda incomoda mais agora do que dantes.
9) Porque não sabe fazer oposição.
A ser verdade o que se lê nos Outdoors colocados em diversos locais da vila de Montalegre (e não há razão para se duvidar da sua autenticidade) que o PSD votou contra todas as obras que se realizaram em Montalegre, designadamente o Multiusos, o pavilhão, a Etar, a Rua Rodrigues Cabrilho, a variante? com que razões? Mesmo o voto em branco devia ser muito bem justificado com razões de peso. Se algumas destas obras são comparticipadas em 75%, só de doidos! Será que quem assim procede gosta de Montalegre? Não creio.
10) Porque não tem estratégia nem nada dentro dele que possa levar os barrosões a acreditar na bondade das suas propostas.Não trabalhou com os militantes nem fez nada que levasse os simpatizantes a sentirem força e dinâmica para afastar os socialistas do poder. Pelo contrário. Não se fizeram as reuniões plenárias obrigatórias pelos Estatutos do Partido. Não se ouviu as pessoas em situações mais complicadas, recorrendo a reuniões extraordinárias, não se tentou falar com os descontentes, etc. E, pior que tudo, privilegiou a divisão do partido para governar a seu bel prazer. Sinto-me triste com o que acabo de escrever. Sou por educação e formação social democrata cujo partido eu e o falecido Dr. Diogo fundàmos em Montalegre e pelo qual combati até à exaustão. Porque fui empurrado para o campo adversário por gente sem princípios e sem respeito, dou comigo indirectamente a fazer a campanha dos que sempre viram em mim o maior obstáculo. Mas, quem é que no meu lugar ficaria calado?
Carvalho de Moura
posted by Carvalho de Moura @ 2:09 PM"

Comentários

  1. Porque será?
    Talvez o orgulho ferido de não ser ele o candidato a um novo mandato.
    Parece-me sensatez e humildade a mais nos tempos de hoje. Muito menos em política. Para estar a publicar algo que supostamente colide com os ideais que defendeu enquanto autarca, provavelmente sente-se "ferido", e este manifesto vai de encontro a alguém em detrimento dos seus interesses. Talvez um convite por parte do PS?
    Deixo essa análise para os "Barrosões"

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  2. Anónimo5.9.05

    Estás queimado, pá!

    Esta é uma das máximas mais usadas na sociedade portuguesa. Por tudo e por nada lá vem a velha frase que nos reduz a cinzas de um ser que antes fomos, ou que nunca chegamos a ser. É a frase favorita em política embora ninguém a use claramente. É fabuloso ver os rivais, dentro e fora do partido, transformados em ciscos, feitos torresmos, carvões animados, matéria queimada, pobres coitados a procurarem o extintor, que neste casos não existe. A combustão política de certas figuras políticas fica quase sempre a dever-se mais a rasteiras da oposição ou dos media que aos "méritos" dos queimados. Aqui para nós, só se queima quem faz algo, ou tem opinião formada, diz o que pensa, assume posições honestas. Não há notícia de que, os medíocres, os sem ideias, os carreiristas, os "lambe-botas", os politicamente dependentes, os "boys" com ou sem "job", os membros da oposição que intrigam (para deixar de o ser), não façam algo sem um interesse mesquinho, quase patético, de uma vitória a todo o custo. Mas sempre, se possível, sem se queimarem. Aos olhos dos outros devem permanecer estereotipados. Enquanto governo não se deve levantar ondas, como oposição há que pôr um ar zangado, vestir um fato sóbrio, erguer o dedo e fingir-se preocupado. A receita para não se queimar consiste em estar atento a sondagens, dizer o estritamente necessário, ter um comportamento politicamente correcto e sobreviver a congressos. Tudo deve ser movido pelo interesse nacional, nem outra coisa seria de esperar, e esperar uma oportunidade, tendo em conta que há mais com fome de poder. Os lugares em política são como as sanitas nas casa de banho, apenas se senta um de cada vez.
    E portanto, se alguém nos disser, mesmo sorrindo, "estás queimado pá", é bem provável que fizemos algo, aborrecemos alguém, mas é bom sinal. É sinal que estamos vivos. Possivelmente incomodamos alguém. Alguém que se sente ameaçado e vê em nós um potencial inimigo ou competidor. Coitado estará a pensar que lhe querem o lugar ou até um possível lugar com o qual sonha. A inveja, a hipocrisia, o "gráxismo", grassam por todo lado disfarçados de "politicamente correcto". É um mundo de meias palavras, de cuidados redobrados, de mentiras piedosas, de congressos estrategicamente alinhados e publicitados, o pretenso mundo da mudança e da verdade às oito horas da noite, sempre à hora do jantar.
    Estás queimado pá, dissestes mal de fulano agora ninguém te vai convidar para seres adjunto do secretário do ministro. Pela boca morre o peixe, os políticos também. Sobretudo aqueles que ascendem na vida pública e que aparentemente são obrigados a responder a todas as perguntas, intrigas, como se nada mais contasse. Como se a democracia fosse torcer pelo clube de futebol, uma mera escolha de cores que a própria razão desconhece. Ser honesto, mesmo quando a sua equipa não joga ou joga mal, é raro em política e em futebol. No futebol não é grave, apesar de haver mais programas de futebol que de política nas televisões. Na política é grave mas aparentemente o povo repara pouco e prefere chamar nomes ao árbitro. Em política só se queimam os políticos apanhados pela justiça, e são poucos, ou os honestos a quem alguém já pregou uma rasteira, que são ainda menos.
    Estás queimado pá, porque escrevestes isto. Amanhã ninguém te vai falar porque falastes mal do futebol.

    ResponderEliminar
  3. Caro Ourigo, gostei da tua intervenção, que, assinada com nome próprio teria outro impacto. No entanto, compreendo a necessidade que existe de, por vezes, se recorrer ao anonimato, atendendo ao lugar onde vivemos.
    Caso contrário: "Estás queimado, pá!"

    ResponderEliminar

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