Todos sabemos que o sector da agricultura, no nosso concelho, é essencialmente um meio de subsistência, para quem ainda a entende como tal. Não estamos, de momento, a referir-nos à pecuária. Mas não haverá possibilidades de desenvolvimento numa área que, em termos económicos, pode trazer alguns proveitos?
Sabemos que o emparcelamento desejável é um caminho difícil, tal é a mentalidade autóctone de posse. Serão necessários muitos anos para uma realidade de emparcelamento seja viável, isto se ainda houver, nessa altura, quem se dedique ao trabalho com a terra. No entanto, considero que poderia haver um esforço institucional de dinamização do sector.
A título de exemplo, falemos um pouco no caso da batata. Apesar de não termos, desde há muitos anos, a qualidade de semente que se produzia, nacionalmente reconhecida, devido à degradação dos solos, entre outros factores, continuamos a ter um produto de consumo de nível superior. Por que motivos não se procura promover a sua produção? Dir-se-á que é muito difícil, que não dá lucro, que não há quem produza... Com os meus botões, cheguei à conclusão, não sei se válida, de que valeria o esforço tentar algo.
Há ainda muita gente que produz para consumo próprio e, se possível, para vender uns saquitos, nem que seja ao preço da chuva... Se existisse uma força institucional de promoção da produção, provavelmente os pequenos agricultores dar-se-iam ao trabalho de produzir mais algumas sacas, garantindo-se-lhes o escoamento.
Com o impulso e o apoio concreto da Câmara Municipal, em conjugação com a Cooperativa Agrícola, considero que esta questão poderia desenvolver-se. Estabelecer com grandes superfícies comerciais protocolos de distribuição e comercialização seria um caminho. À Câmara Municipal caberia o papel de promover a produção e de estabelecer os contactos, procurando os acordos de distribuição e de comercialização, e à Cooperativa caberia o papel de receptar o produto. Poderia ainda falar-se na questão da acomodação/embalagem, aspectos negociáveis de acordo com os protocolos estabelecidos.
Sabe-se que não temos a produção de outras regiões do país em termos de quantidade, mas a nível qualitativo temos ainda uma palavra a dizer. Na época do ano em que a batata está disponível, se a sua distribuição fosse garantida, a produção aumentaria com toda a certeza. Quem vive ainda muito ligado à agricultura, se habitualmente produz vinte ou trinta sacas de batata, facilmente produzirá mais, sabendo que a produção é apoiada pelas instituições e o seu escoamento é garantido.
Estarei a sonhar alto? Não seria este um caminho de desenvolvimento da agricultura? E falamos apenas no caso da batata... Existem outros produtos com viabilidade. A profunda e verdadeira aposta seria a Agricultura Biológica, com outro nível de exigência e como aposta de base verdadeiramente interessante.
Procuro levantar apenas algumas propostas, como quem vê as coisas por fora e sem conhecimentos científicos que permitam ir mais além. Mas parece-me viável. Isto para não nos ficarmos pelas estátuas, invocativas da actividade que vai morrendo, aparentemente sem nada se fazer por ela.
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